Uma espada de dor transpassará a tua alma (Lc 2, 35).

Maria não sofreu senão por amor. Seu martírio ultrapassa em horror o sofrimento de sangue. Qual foi a intensidade de sua dor? Para compreendê-la, seria necessário compreender igualmente a intensidade de seu amor. Esse amor imenso não pode ser comparado com nossos ordinários carinhos. Nossos corações são totalmente estreitos e restritos as nossas próprias vontades, porém, a alma de Maria era grande e Deus a havia feito obra-prima da Criação.
Maria ver Jesus sofrer em seu corpo. Segue passo a passo o triste cortejo no caminho rumo ao Calvário. Assiste à horrível cena da Crucificação. Que dor se compara a de uma mãe em ver seu próprio filho sofrer calúnias, ironias, traições? E ainda mais: uma cruel flagelação, com grande número de pancadas, que suas carnes dilaceradas caiam aos pedaços, até se lhe descobrirem os ossos e ainda não basta, dolorosos espinhos hão de atormentar a sua Sagrada Face.
Maria olhava Jesus sofrer e sentia em sua alma as mesmas dores. A aflição da Santíssima Virgem aumenta ainda mais ao ouvir seu filho dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes. Maria não abandona por um só minuto O filho agonizante, não perde de vista um só de seus sofrimentos. Quando Jesus morre, Ela está lá.
A mãe toma para si o coração do filho, é trocar o coração da pessoa que ama pelo coração da pessoa amada, e com Maria e Jesus não era diferente. Todas as dores do seu filho reproduziam nela, e quando a lança do soldado abriu o Coração Salvador, transpassou com o mesmo golpe a alma da Virgem Dolorosa.
Em sua bondade misericordiosa, Ele nos permite que tenhamos o dom da confiança e da paciência, não somente para o nosso bem pessoal, mas ainda em favor aqueles que nos são caros.
A palavra do velho Simeão acabava de se cumprir. No começo da vida de Jesus, ele profetiza que o Messias seria sinal de contradição, onde Maria teria que se fazer forte diante do sofrimento de Jesus e deveria também estar preparada, pois “Uma espada de dor transpassaria sua alma” (Lc 2, 35). Porém ela só viria receber este título de Nossa Senhora das Dores pelo Papa São Pio X. Sendo conservada no novo calendário litúrgico, que mudou o título da Festa, reduzida a simples memória: não sendo mais chamada de Sete Dores de Maria, mas menos especificadamente e mais oportunamente: Virgem Maria Dolorosa. Com este título nós honramos a dor de Maria aceita na redenção mediante a Cruz.

Maria via realizar-se no futuro a Palavra de Cristo: “Quando eu for elevado ao altar de minha Cruz, atrairei o mundo pela sedução de meu amor”. Para nos obter esse amor divino, que deve embelezar e fortificar nossas vidas, Ela aceitava a dor em toda a plenitude de sua heróica vontade.
Pobres almas que sofrem, não interrompam vossas lágrimas, mas lembrem sempre que elas têm um valor muito grande e podem se transformar em orvalho de benção. Devemos aceitar nossos sofrimentos com amor e com reconhecimento.
Queiram as grandes lições que nos dá a Virgem Dolorosa imprimir-se em vosso espírito e transformar vossa existência. Quando a provação se abater sobre nós, não tenhamos mais dúvidas, nem desânimos, nem revoltas. Devemos querer aprender o verdadeiro valor do amor aos pés da Cruz.
Queridos leitores, recebam com amor o dom de Deus. Na hora do sofrimento, coragem! Subam firmemente o Calvário carregando suas Cruzes até o fim, sem cair e querendo sempre compartilhar dos sofrimentos de Cristo, para conseguir verdadeiramente aprender o que é o amor.
Em Jesus por Maria.

Por Alex Soares.